Esta manhã, enquanto esperava por uma colega, sentei-me numa
cadeira da assistência duma sala do tribunal enquanto decorria um julgamento.
Contacto com estas realidades todos os dias, mas enerva-me,
revolta-me, a predisposição do povinho para viver à conta…
Tentando perceber das condições económicas e sociais do
prevaricador de 32 anos (o qual era pela terceira vez, no período de 18 meses,
apanhado a conduzir sem carta), perguntava, inocentemente o Sr. Dr. Juiz:
- Então o Sr.
Trabalha?
- Às vezes, na banca que a minha Mãe tem na Praia da Rocha.
- Às vezes? Mas então e no resto dos dias?
- Ah, nos outros dias
não faço nada!
- Ah, muito bem… Olhe,
o Senhor é casado?
- Não.
- Tem Filhos?
- Sim, tenho duas
meninas e vem outro a caminho.
Perante isto, o Juiz fez a pergunta óbvia:
- Então mas o Sr. e a
sua Família vivem do quê?
- Do Rendimento
Mínimo! (como é obvio!!!)
Enfim,
é certo que a generalidade das pessoas já se habituou a conviver com esta realidade,
mas eu, de facto, sou uma inconformada! Faz-me confusão que uns tenham que
trabalhar e pagar impostos, enquanto outros usufruem dos benefícios que este
nosso “estado social” tanto se preocupa em oferecer.
O mais grave disto tudo, foi ouvir o Sr. Procurador pedir
uma pena de multa, em vez de prisão, por considerar que o arguido se encontrava
familiar, social e profissionalmente integrado!