Ontem foi um dia especialmente
difícil!
Desde logo, e como é evidente,
por ser Segunda-Feira, o que só por si já dificulta muitíssimo qualquer
tentativa de se passar um bom dia…
À parte esse pequeno grande
pormenor, tive que lidar com um verdadeiro imbecil e trata-lo com a diplomacia
que a profissão exige…, até onde as minhas entranhas naturalmente explosivas
permitiram…
Tinha então agendado um
julgamento cuja possibilidade de sucesso era remota, senão inexistente.
Contudo, quase que por milagre, o colega que representava a parte contrária faz
uma proposta de acordo, razoavelmente vantajosa para o meu cliente.
Toda satisfeita, contacto o
interessado e dou-lhe a boa-nova… achava eu!
Do outro lado da linha, ouço um “nem
pensar” determinado que me voltou o estômago ao contrário.
Sem desistir, lá convenço o rapaz
a aceitar uma contraproposta que de seguida faço ao M/ colega.
Entre avanços e recuos lá chegámos
a um valor intermédio que, não obstante não atingir as expectativas do M/ cliente,
sempre seria muito superior àquilo que se poderia ganhar em julgamento…
À porta do julgamento o rapaz aparece
acompanhado da “futura esposa” – assim apelidada certamente para legitimar o
opinanço desenfreado da rapariga.
Expliquei aos dois que a nossa
causa, levada a julgamento, apenas lhe(s) valeria pouco mais que uns trocados e
que a proposta que estava em cima da mesa era mais que razoável, nomeadamente
por representar o triplo daquilo que se podia ganhar.
Confesso que não entendo de que
forma o meu discurso poderia deixar dúvidas…
Não obstante, o rapaz não aceitou….e
ainda acrescentou aquela frase emblemática que tantas vezes se ouve em
tribunal: “isto não é uma questão de dinheiro, é uma questão de princípio.”
Tem uma certa graça, tem….
Na sala de audiências, o Juiz,
com toda a calma e clareza informa o M/ cliente que a teimosia não é boa
conselheira, especialmente quando acompanhada de uma manifesta falta de prova
(nesta altura a “futura esposa” capta a mensagem e fecha a matraca…. lamentavelmente
tarde)!
O rapaz continua irredutível e
eu, quase de joelhos, peço-lhe que aceite….O homem aceita!!!!!
Numa explosão de alegria olho
para o meu colega e digo, “pronto, está feito” e ele responde-me: “Não, com
tanta indecisão, mudei de ideias!"
Já seguro da sua boa posição na
causa, reduz a proposta….
Com o estômago às voltas e a cabeça a latejar de tanta idiotice,
lá vou eu dar a notícia ao meu "homem de princípios" e à sua "futura esposa"…. ao mesmo
tempo que me apresso a realçar que a nova proposta, apesar de menor que a
anterior, continua a representar mais do dobro daquilo que pode advir do
julgamento.
Naturalmente, com a indignação
estampada no rosto, não há acordo!
Siga para julgamento!