Ontem
tive mais uma daquelas diligências de revoltar o estômago, não porque a
situação não fosse séria, porque era, mas sobretudo pela representação da cena
da "coitadinha, f... e mal paga"!!!
Como eu sou uma moça com uns fígados muito azedos, e tenho uma
certa intolerância a injustiças, alem de uma paciência muito reduzida para
telenovelas mexicanas, assim que pude, tentei, sem sucesso, acordar a bancada
que já se vergava às lamúrias da histérica insana, que berrava para o Pai dos
Filhos:"Mintiroso, és um mintiroso, não tens vergonha
de vir mintir em tribunal? Prova, prova, tens que provar isso
agora""pobre de mim que não tenho ninguém".
Enfim, um horror, capaz de fazer chorar as pedras da calçada.
Eu ainda tentei, mas nada consegui contra aquele golpe de grande
dramatismo e alma de estrela em decadência!
Mas consegui aquilo que quase sempre consigo (e que nem sempre me
agrada): Consegui enfurecer a maluca!
Enquanto a Barbie leoparda (vison e
malinha - tudo em brega, claro está) gritava comigo, com a voz embargada pelo
choro, sempre fiel à personagem, eu fazia questão de a ignorar. A mulher não
gostou!
À saída da sala de audiências reparei que ela aguardava...
Dirigi-me ao elevador e notei, pelo canto do olho, que a loura
oxigenada se dirigia para mim. Estarreci e pensei: Era o que mais me faltava,
mais uma cena de teatro e desta vez com participação especial - a minha.
Mas não, a mulher não queria conversar, queria entrar no elevador
comigo!
Pensei novamente (coisa que faço pouco) para com os meus botões:
Querida Pitanga (Eu), se tens amor a essa carinha laroca, ao teu cabelinho
dourado e pago a peso de ouro, e os queres conservar em bom estado, oh mulher,
tu foge, e foge depressa!
E pronto, lá fui eu pelas escadas, em passo apressado, enquanto a
maluca me seguia novamente!
Entrei na secretaria geral e esperei que ela passasse!
De seguida, chamei o elevador e quando o dito abre as portas:
Charaaaaaan: O namorado da demónia!
Pensei: Pronto, acabou-se, vou levar o maior enxerto de porrada da
vidinha! Aqui se fica uma bela carreira!
Nisto, e porque eu sempre confiei que o meu Santo é forte e
providencial, aquela porcaria de elevadores que levam uma eternidade e nunca
funcionam quando mais se precisa, escancararam as duas portas na minha frente,
assim me salvando da descida fatídica!
Afinal ainda vou andar por aí a irritar muita gente!